Diary Words

Fiquei em silêncio, só ouço os pássaros a cantar lá fora, no cimo dos prédios, a aproveitar os últimos raios de Sol deste dia que está a acabar, que sorte eles têm andarem felizes.

Senti inveja de não poder ser como eles, cantar os poemas que constituem o romance da minha vida, os meus capítulos, ao teu ouvido, baixinho, só nós os dois, porque afinal esse romance nunca teria sentido sem ser cantado à luz do teu olhar.

Está o sol a pôr-se, mais inveja tenha deles. Aquela paisagem fantástica no cimo dos prédios, aquele por-do-sol alaranjado, azulado, avermelhado, aquele Sol apaixonado que transmite todas aquelas cores, conjuntamente com o calor de Inverno que sabe tão bem.

No fim voaram, foram para os seus ninhos, com quem amam, irão continuar o dia juntos, longe do frio, do relento da noite que assombra todos as pessoas sem casa. Não haverá chuva que os irá molhar, afinal eles os dois protegem-se um ao outro, todo o dia. Se chover irão encostar-se um ao outro, dar um abraço sentido, e tudo passa, e com isso aquecem-se, um ao outro até a chuva passar. Que inveja.

No fim pensei, não preciso de ter inveja deles, afinal tu és o meu por-do-sol, as minhas asas, a minha liberdade, o meu romance, o meu coração, a minha história, a tinta que todos os dias se escreve neste papel, os momentos mais felizes da minha vida.

Se eles viram aquele por-do-sol é porque ele era o resultado do amor que eu sinto todos os dias por ti. Eles não sabem, podes também não saber, mas sou eu que mando o Sol ficar assim com essas cores, porque já dei um significado a cada uma delas num texto que já te escrevi. Se eles voaram é porque estão só a imitar as asas que me fazem sonhar todos os dias nos meus sonhos que te vou contando, neste monólogo.

Afinal, eles podem ser felizes, mas eu também tento ser, a sonhar com as pequenas coisas, aquelas que fazem realmente falta, a imaginar-te aqui a sorrir e eu a contar-te como foi o meu dia, atarefado, só cheguei agora a casa, mas acima de tudo poder compreender nos teus olhos se precisarias de alguma coisa, e tornar este por-de-sol da vida, um por-de-sol mágico que só pode ser compreendido à luz de um coração apaixonado.